A Síndrome de Burnout não é considerada uma doença mental porque ela se manifesta como uma reação direta ao estresse crônico no ambiente de trabalho, distinguindo-se de transtornos mentais que possuem causas e manifestações mais amplas e multifacetadas, não exclusivamente ligadas à vida profissional.
Ao longo deste artigo, você desvendará as nuances do Burnout, compreendendo por que ele não é apenas um cansaço comum, mas um esgotamento com características próprias.
Confira os insights que aguardam você:
- Foco é no estresse ocupacional.
- Critérios diagnósticos são distintos.
- Reversível com mudança de ambiente.
- Classificado como fenômeno ocupacional.
- Não é transtorno nos manuais clínicos.
Foco é no estresse ocupacional
O Burnout é um problema que nasce e cresce dentro do nosso ambiente de trabalho, por causa do estresse do dia a dia.
É como se a pressão do serviço apertasse tanto que a gente ficasse sem energia, sem vontade de fazer nada, um esgotamento total que tem a ver só com a labuta.
A lógica é simples, se o cansaço e a exaustão vêm:
- Do batente;
- Do seu chefe pegando no pé;
- Das metas impossíveis ou;
- Da falta de reconhecimento, então estamos falando de Burnout.
É o corpo e a mente dizendo “chega!” por causa do trabalho pesado.Mas não para por aí, viu? Tem mais diferenças importantes que a gente precisa conhecer…
Critérios diagnósticos são distintos
Pra saber se é Burnout mesmo, usa-se umas regrinhas bem diferentes das que usam pra outras tristezas ou cansaços que a gente sente na vida.
Não é qualquer dor no coração ou choro. Tem que ter uns sinais bem específicos, tipo a sensação de que você não rende mais no trabalho, um cinismo com o que faz e um cansaço que não passa nem dormindo.
Aqui vai uma listinha pra você entender melhor:
Em alta entre os leitores:
- Exaustão emocional: a bateria da sua mente zera.
- Despersonalização: você começa a tratar os outros como números.
- Baixa realização pessoal: sente que seu trabalho não serve pra nada.
- Relacionado ao trabalho: tudo isso só acontece por causa do emprego.
O Burnout não se mistura com outras condições. Ele tem suas próprias marcas, suas digitais que indicam que a causa está ligada diretamente à sua vida profissional, e não a problemas gerais da vida.
Reversível com mudança de ambiente
Uma coisa legal do Burnout é que ele melhora e até some se mudarmos o ambiente onde trabalhamos, ou o jeito que lidamos com o serviço.
É como tirar uma planta que não estava indo bem de um vaso pequeno e colocar num lugar maior e com mais sol: ela floresce de novo.
Com a gente é parecido, se o ambiente de trabalho melhora, a gente melhora também.
Situação atual | Com a mudança |
---|---|
Estresse alto no trabalho | Redução da pressão |
Cansaço extremo | Recuperação da energia |
Falta de motivação | Retorno do interesse |
Problemas de saúde | Melhora do bem-estar |
A ideia é que, como a causa é o trabalho, a solução está em mexer nele. Se você consegue diminuir a carga, mudar de função ou até de emprego, as chances de você se recuperar são grandes, porque a raiz do problema foi atacada.
Essa capacidade de mudar já nos leva a outro ponto crucial: a classificação do Burnout como algo ligado diretamente ao nosso trabalho.
Classificado como fenômeno ocupacional
O Burnout é visto pelos especialistas como um “fenômeno ocupacional”, ou seja, é um problema que surge por causa do nosso trabalho, e não uma doença mental como a depressão ou a ansiedade, por exemplo.
Isso quer dizer que ele está lá, nos manuais de saúde, mas numa parte que fala dos problemas ligados à vida profissional, mostrando que a origem dele é bem específica e ligada à sua carreira.
A lógica dessa classificação é deixar claro que, apesar de causar muito sofrimento e sintomas parecidos com os de doenças mentais, o Burnout tem uma causa clara: o ambiente de trabalho.
E se ele é classificado assim, o que isso significa na prática? Significa que ele não é igual a outras doenças mentais que a gente conhece, como vamos ver agora.
Não é transtorno nos manuais clínicos
Importante saber que, nos livros mais importantes de saúde mental, aqueles que os médicos usam, o Burnout não aparece como um transtorno mental por si só, como a depressão ou a ansiedade, que são doenças.
Ele é reconhecido como um problema sério, claro, mas é mais como uma reação do corpo e da mente ao estresse crônico do trabalho, e não uma doença que você desenvolve do nada.
Burnout | Transtorno mental |
---|---|
Ligado diretamente ao trabalho | Têm várias causas, não só o trabalho |
Reversível com mudança no trabalho | Requer tratamento mais complexo |
Fenômeno ocupacional | Doença psiquiátrica |
Foco no esgotamento profissional | Foco em sintomas diversos do humor e mente |
A lógica por trás disso é diferenciar o Burnout de outras condições. Ele é um esgotamento que tem uma causa muito específica, o trabalho, e não uma bagunça geral na cabeça que pode vir de mil lugares diferentes.
Perguntas frequentes
- O que, afinal, é a síndrome de burnout?
É um estado de exaustão física e emocional causado por estresse crônico no trabalho, marcado por três eixos: cansaço extremo, cinismo/distanciamento do trabalho e sensação de ineficácia profissional. - Se não é doença, por que ela aparece no CID-11?
Porque o CID-11 tem uma seção para fenômenos ocupacionais (capítulo 24). O burnout entra ali (código QD85) como motivo de procura por serviço de saúde, não como doença em si. - O DSM-5 reconhece burnout?
Não. O DSM-5 (manual de psiquiatria) não criou um diagnóstico específico; casos graves costumam ser enquadrados como transtorno de ajustamento, depressão ou ansiedade, conforme os sintomas. - Burnout é a mesma coisa que depressão?
Não. Os sintomas se sobrepõem, mas a depressão afeta todas as áreas da vida, enquanto o burnout está vinculado exclusivamente ao contexto de trabalho. - Quais são os sintomas-chave?
Exaustão persistente, atitude cínica ou negativa em relação ao trabalho e sensação de baixa realização/eficácia. Dor de cabeça, insônia e irritabilidade costumam fazer parte do pacote. - Burnout pode virar depressão ou ansiedade?
Pode, se o estresse persistir e não houver intervenção. Não tratar o burnout aumenta o risco de desenvolver transtornos mentais formais. - Existe exame de sangue que detecte burnout?
Infelizmente, não. O diagnóstico é clínico, baseado em entrevista, questionários validados (como o Maslach Burnout Inventory) e avaliação do contexto laboral. - Posso pegar atestado médico por burnout?
Sim. No Brasil, o médico pode usar o código QD85 do CID-11 para afastamento. Em alguns países europeus, o burnout já é motivo reconhecido de licença ocupacional. - Meu plano de saúde é obrigado a cobrir tratamento?
Depende do contrato e da regulação nacional. Como não é doença, algumas operadoras exigem que o quadro seja registrado como depressão ou ansiedade para cobrir psicoterapia ou medicação. - Quais profissionais tratam burnout?
Psicólogos e psiquiatras para suporte emocional e, se necessário, medicação; médicos do trabalho, RH e gestores para ajustar condições laborais; às vezes fisioterapeutas e nutricionistas entram no time. - Existe remédio próprio para burnout?
Não há fármaco específico. Antidepressivos ou ansiolíticos podem aliviar sintomas, mas o tratamento-raiz envolve ajustes no trabalho, psicoterapia e mudança de estilo de vida. - Burnout pode acontecer fora do emprego, tipo em cuidadores familiares?
Tecnicamente, o termo oficial da OMS só vale para contexto ocupacional. Fora do trabalho fala-se de “exaustão por cuidado” ou estresse crônico, não de burnout. - Minha empresa pode ser responsabilizada?
Sim. Se ficar comprovado que condições de trabalho causaram adoecimento, a empresa pode responder por dano moral, pagar estabilidade provisória ou adaptar o posto. - O que as organizações devem fazer para prevenir?
Limitar jornada excessiva, promover pausas, incentivar apoio social, treinar lideranças, reconhecer resultados e criar cultura de equilíbrio vida-trabalho. - O burnout um dia pode virar diagnóstico de doença mental?
Talvez. Pesquisas continuam e alguns especialistas defendem a inclusão. Por ora, falta consenso científico sobre critérios claros e diferenciação de depressão.
Referências
- AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
- BIANCHI, Renzo; SCHONFELD, Irvin Sam; LAURENT, Eric. Burnout-depression overlap: a review. Clinical Psychology Review, Amsterdam, v. 36, p. 28-41, mar. 2015. DOI: 10.1016/j.cpr.2015.01.004.
- FREUDENBERGER, Herbert J. Staff burn-out. Journal of Social Issues, Hoboken, v. 30, n. 1, p. 159-165, 1974. DOI: 10.1111/j.1540-4560.1974.tb00706.x.
- MASLACH, Christina; JACKSON, Susan E. The measurement of experienced burnout. Journal of Occupational Behaviour, Hoboken, v. 2, n. 2, p. 99-113, 1981. DOI: 10.1002/job.4030020205.
- MASLACH, Christina; LEITER, Michael P.; SCHAUFELI, Wilmar B. Maslach Burnout Inventory Manual. 4. ed. Menlo Park: Mind Garden, 2018.
- WORLD HEALTH ORGANIZATION. Burn-out an “occupational phenomenon”: International Classification of Diseases. Genebra: World Health Organization, 2019. Disponível em: https://www.who.int/news/item/28-05-2019-burn-out-an-occupational-phenomenon-international-classification-of-diseases. Acesso em: 4 ago. 2025.
- WORLD HEALTH ORGANIZATION. International Classification of Diseases 11th Revision (ICD-11). Genebra: World Health Organization, 2019. Disponível em: https://icd.who.int/en. Acesso em: 4 ago. 2025.
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