Ghosting na terapia: quando o psicólogo desaparece

|

Tempo de leitura: 10 minutos

Ghosting na terapia é quebra de confiança e ética. Paciente, conheça seus direitos, saiba como agir e não desista da sua saúde mental. Você merece cuidado e respeito.

Ghosting na terapia: quando o psicólogo desaparece

O ghosting na terapia ocorre quando um psicólogo desaparece abruptamente, sem qualquer comunicação prévia ou justificativa, deixando o paciente em completo desamparo.

É uma experiência dolorosa que quebra a confiança e viola os princípios fundamentais da relação terapêutica, causando um sentimento de abandono ainda maior.

Além disso, a análise das diretrizes éticas profissionais reforça a gravidade e a inadmissibilidade dessa prática na psicologia.

Diante do ghosting terapêutico, é crucial documentar todas as interações e tentativas de contato com o profissional.

Em seguida, você deve contatar a plataforma de terapia, o Conselho Regional de Psicologia (CRP) ou o Procon para buscar reembolso e denunciar a conduta inadequada.

Ao continuar a leitura deste artigo, você terá a oportunidade de:

  • Compreender o impacto emocional do ghosting na terapia através de relatos reais de pacientes.
  • Conhecer as graves consequências éticas e os deveres profissionais que são violados com essa prática.
  • Entender as políticas de clínicas e plataformas sobre reembolso em casos de abandono terapêutico.
  • Aprender, passo a passo, como agir e quais órgãos procurar para fazer valer seus direitos de paciente.
  • Encontrar encorajamento e orientação para não desistir da sua essencial jornada de autoconhecimento e bem-estar.

Relatos de pacientes sobre ghosting

Imaginar-se vulnerável, compartilhando suas dores e anseios mais profundos com um profissional em quem confia, apenas para, de repente, ver essa ponte de apoio desmoronar sem aviso.

Relatos como o de Ana, que, após três meses de sessões, teve sua próxima consulta cancelada e nunca mais recebeu resposta do terapeuta, são infelizmente comuns. “Eu me senti duplamente abandonada“, desabafa ela, “primeiro pelos meus problemas e depois por quem deveria me ajudar a resolvê-los.

Essa experiência de desaparição súbita, o que chamamos de ghosting terapêutico, deixa cicatrizes profundas.

Não é apenas a perda de um agendamento; é a quebra de uma relação de confiança construída com tempo e investimento emocional.

Muitos pacientes se questionam sobre o que fizeram de errado, revivendo sentimentos de rejeição e culpa que a terapia deveria, em tese, auxiliar a elaborar.

João, outro paciente, conta que seu terapeuta simplesmente parou de responder a mensagens e e-mails após uma sessão particularmente difícil.

  • Fiquei dias sem entender“, ele relata. “A terapia é um espaço seguro. Quando esse espaço é violado por um sumiço inexplicável, a sensação de desamparo é avassaladora, e a vontade de continuar buscando ajuda diminui drasticamente.

Essas histórias não são isoladas. Elas representam a ponta de um iceberg de frustração e confusão que muitos enfrentam.

O impacto emocional do ghosting terapêutico transcende o desconforto inicial, muitas vezes afetando a percepção do paciente sobre a eficácia e a segurança do processo terapêutico como um todo.

A interrupção abrupta do tratamento sem uma explicação adequada não apenas impede o progresso terapêutico, mas também exacerba condições existentes ou criar novas angústias.

O receio de vivenciar novamente o ghosting terapêutico afasta indivíduos da busca por suporte, prejudicando sua saúde mental a longo prazo.


Consequências éticas e deveres profissionais

O ato de um psicólogo desaparecer sem comunicação prévia ou justificativa representa uma grave violação do código de ética profissional.

Conselhos de Psicologia ao redor do mundo, incluindo o Conselho Federal de Psicologia (CFP) no Brasil, têm diretrizes claras sobre a interrupção do atendimento.

O profissional é obrigado a garantir a continuidade do tratamento ou a encaminhar o paciente adequadamente, jamais deixando-o em desamparo. O ghosting terapêutico, portanto, é uma falha que vai além da falta de cortesia; é uma infração ética grave.

As consequências para o profissional variam desde advertências e censura pública até a suspensão ou cassação do registro profissional.

Além do impacto legal e ético, há o dano irreparável à reputação e à credibilidade do terapeuta.

Um comportamento como esse não só prejudica a pessoa atendida individualmente, mas também lança uma sombra sobre a categoria profissional como um todo, gerando desconfiança.

É crucial entender que o psicólogo possui um dever de cuidado incondicional. Quando ele se ausenta sem um encerramento adequado ou sem oferecer alternativas viáveis, ele não apenas quebra o contrato implícito com o paciente, mas também falha em sua função social e ética, que é primordial na prática da psicologia e no suporte à saúde mental.


Políticas de clínicas e plataformas sobre reembolso

A questão do reembolso após um ghosting terapêutico é complexa e depende muito do tipo de serviço contratado.

Em geral, se o atendimento foi prestado por um profissional autônomo, sem intermédio de uma plataforma ou clínica, a resolução será mais difícil, mas não impossível.

Nesses casos, a via de comunicação e negociação direta, ou até mesmo acionar órgãos de defesa do consumidor, torna-se essencial.

Contudo, para aqueles que utilizam plataformas de terapia online ou clínicas com equipes de psicólogos, as políticas costumam ser mais claras e acessíveis.

Grandes plataformas, por exemplo, geralmente possuem termos de serviço que preveem o reembolso de sessões não realizadas devido à falha do profissional.

Em muitos casos, elas oferecem a opção de agendar com outro terapeuta sem custo adicional ou de estornar o valor pago diretamente ao paciente.

É fundamental que os pacientes leiam atentamente os contratos e termos de uso antes de iniciar o tratamento.

Muitos serviços online detalham como proceder em situações de cancelamento, ausência do terapeuta ou insatisfação. Essas informações são a sua primeira linha de defesa contra o prejuízo financeiro e emocional.

Além do reembolso, algumas plataformas vão além, oferecendo suporte para realocação em um novo profissional, visando minimizar o impacto emocional do abandono e garantir a continuidade do tratamento.

É importante documentar todas as tentativas de contato e as respostas (ou a falta delas) do terapeuta, pois isso fortalecerá qualquer solicitação de reembolso ou reclamação formal.

Em clínicas físicas, a política pode ser similar. Muitas têm procedimentos internos para lidar com a ausência inesperada de um profissional, garantindo o reembolso ou a substituição.

O importante é saber que você, como paciente, tem direitos. Mesmo que a política não seja explicitamente detalhada, a lei de defesa do consumidor geralmente se aplica, assegurando a devolução de valores por serviços não prestados.


Como agir diante do abandono terapêutico

Existem passos práticos que você pode tomar para proteger seus direitos e buscar uma solução.

Documento tudo:

  • Datas das sessões;
  • Valores pagos;
  • Tentativas de contato com o terapeuta e a ausência de resposta;
  • Capture prints de conversas e guarde e-mails.

Se você utilizou uma plataforma de terapia online, entre em contato imediatamente com o suporte ao cliente.

Apresente os detalhes da situação, incluindo os registros de tentativas de contato com o profissional.

As plataformas geralmente têm canais específicos para lidar com queixas e iniciarem o processo de reembolso ou de realocação com outro terapeuta de forma rápida e eficiente.

No caso de atendimento com um profissional autônomo, tente novamente o contato por diferentes meios (e-mail, telefone, mensagem). Se não houver retorno, registre uma reclamação formal junto ao Conselho Regional de Psicologia (CRP) da sua região.

Esses órgãos são responsáveis por fiscalizar a conduta ética dos profissionais e tomarão as medidas cabíveis, investigando a conduta do terapeuta.

Além disso, o Procon (órgão de defesa do consumidor) é uma alternativa para buscar o reembolso de sessões pagas e não realizadas. Leve toda a sua documentação e relate o ocorrido.

O ghosting terapêutico é um serviço não prestado pelo qual você pagou, configurando uma clara infração aos direitos do consumidor, que merece ser reparada.

Buscar ajuda jurídica também é uma opção em casos mais complexos, mas frequentemente as vias administrativas são suficientes para resolver a questão do reembolso e responsabilizar o profissional.

Não hesite em usar as ferramentas disponíveis para fazer valer seus direitos e evitar prejuízos financeiros e emocionais.


Não desista da sua jornada de autoconhecimento

Lembre-se que essa falha não reflete a totalidade da psicologia ou a qualidade dos profissionais dedicados que existem.

O abandono é uma exceção inaceitável, não a regra, e você não deve carregar a culpa ou o prejuízo de um erro profissional.

Sua jornada de autoconhecimento e cuidado com a saúde mental é valiosa e não deve ser interrompida por uma experiência negativa.

Há muitos psicólogos éticos e comprometidos, prontos para oferecer o suporte que você merece. Use essa experiência, por mais dolorosa que seja, como um aprendizado para buscar profissionais e plataformas com maior transparência e reputação.

Empodere-se ao exigir seus direitos, seja buscando o reembolso financeiro ou a continuidade do atendimento adequado.

Essa atitude não apenas repara o dano em sua experiência pessoal, mas também contribui para que a comunidade terapêutica se mantenha vigilante e coíba práticas antiéticas.

O cuidado com a saúde mental é um investimento essencial na sua qualidade de vida. Não abra mão dele.

Permita-se recomeçar, buscando um novo profissional com a certeza de que você merece um atendimento respeitoso, contínuo e que valorize sua saúde mental.

Sua resiliência é a chave para transformar uma experiência ruim em um passo de reafirmação do seu compromisso consigo mesmo.


Perguntas frequentes

  1. O que é ghosting na terapia?
    É quando o psicólogo some sem aviso, encerrando a terapia abruptamente.
  2. Isso é considerado antiético?
    Sim, é uma falha ética grave e quebra de contrato terapêutico.
  3. O que devo fazer se meu terapeuta sumir?
    Tente contato por outros meios; guarde registros.
  4. Posso pedir reembolso?
    Depende da política da plataforma ou contrato; muitos preveem.
  5. Para quem devo reclamar?
    Conselho Regional de Psicologia (CRP) ou plataforma de terapia.
  6. Como o ghosting afeta o paciente?
    Causa abandono, frustração, raiva e perda de confiança.
  7. É comum psicólogos fazerem isso?
    Não deveria ser. É uma prática inadequada e pouco profissional.
  8. Como evitar o ghosting?
    Busque profissionais com boas referências, questione a conduta inicial.
  9. Há diferença entre terapia online e presencial?
    A ética é a mesma, mas as plataformas online têm regras claras.
  10. Minha plataforma de terapia deve intervir?
    Sim, plataformas sérias têm protocolos para esses casos.
  11. O que é abandono terapêutico?
    Desistência do profissional sem preparo ou encaminhamento.
  12. Terei que pagar por sessões não realizadas?
    Não. Geralmente, você só paga por atendimentos efetivos.
  13. Posso processar o psicólogo?
    Sim, mas a via ética é mais comum. Consulte um advogado.
  14. Como lidar com a frustração?
    Busque apoio, valide seus sentimentos e considere outra terapia.
  15. A quem recorrer para orientação legal?
    Um advogado especializado em direitos do consumidor ou paciente.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *