O ghosting na terapia ocorre quando um psicólogo desaparece abruptamente, sem qualquer comunicação prévia ou justificativa, deixando o paciente em completo desamparo.
É uma experiência dolorosa que quebra a confiança e viola os princípios fundamentais da relação terapêutica, causando um sentimento de abandono ainda maior.
Além disso, a análise das diretrizes éticas profissionais reforça a gravidade e a inadmissibilidade dessa prática na psicologia.
Diante do ghosting terapêutico, é crucial documentar todas as interações e tentativas de contato com o profissional.
Em seguida, você deve contatar a plataforma de terapia, o Conselho Regional de Psicologia (CRP) ou o Procon para buscar reembolso e denunciar a conduta inadequada.
Ao continuar a leitura deste artigo, você terá a oportunidade de:
- Compreender o impacto emocional do ghosting na terapia através de relatos reais de pacientes.
- Conhecer as graves consequências éticas e os deveres profissionais que são violados com essa prática.
- Entender as políticas de clínicas e plataformas sobre reembolso em casos de abandono terapêutico.
- Aprender, passo a passo, como agir e quais órgãos procurar para fazer valer seus direitos de paciente.
- Encontrar encorajamento e orientação para não desistir da sua essencial jornada de autoconhecimento e bem-estar.
Relatos de pacientes sobre ghosting
Imaginar-se vulnerável, compartilhando suas dores e anseios mais profundos com um profissional em quem confia, apenas para, de repente, ver essa ponte de apoio desmoronar sem aviso.
Relatos como o de Ana, que, após três meses de sessões, teve sua próxima consulta cancelada e nunca mais recebeu resposta do terapeuta, são infelizmente comuns. “Eu me senti duplamente abandonada“, desabafa ela, “primeiro pelos meus problemas e depois por quem deveria me ajudar a resolvê-los.”
Essa experiência de desaparição súbita, o que chamamos de ghosting terapêutico, deixa cicatrizes profundas.
Não é apenas a perda de um agendamento; é a quebra de uma relação de confiança construída com tempo e investimento emocional.
Muitos pacientes se questionam sobre o que fizeram de errado, revivendo sentimentos de rejeição e culpa que a terapia deveria, em tese, auxiliar a elaborar.
João, outro paciente, conta que seu terapeuta simplesmente parou de responder a mensagens e e-mails após uma sessão particularmente difícil.
- “Fiquei dias sem entender“, ele relata. “A terapia é um espaço seguro. Quando esse espaço é violado por um sumiço inexplicável, a sensação de desamparo é avassaladora, e a vontade de continuar buscando ajuda diminui drasticamente.“
Essas histórias não são isoladas. Elas representam a ponta de um iceberg de frustração e confusão que muitos enfrentam.
O impacto emocional do ghosting terapêutico transcende o desconforto inicial, muitas vezes afetando a percepção do paciente sobre a eficácia e a segurança do processo terapêutico como um todo.
A interrupção abrupta do tratamento sem uma explicação adequada não apenas impede o progresso terapêutico, mas também exacerba condições existentes ou criar novas angústias.
O receio de vivenciar novamente o ghosting terapêutico afasta indivíduos da busca por suporte, prejudicando sua saúde mental a longo prazo.
Consequências éticas e deveres profissionais
O ato de um psicólogo desaparecer sem comunicação prévia ou justificativa representa uma grave violação do código de ética profissional.
Conselhos de Psicologia ao redor do mundo, incluindo o Conselho Federal de Psicologia (CFP) no Brasil, têm diretrizes claras sobre a interrupção do atendimento.
O profissional é obrigado a garantir a continuidade do tratamento ou a encaminhar o paciente adequadamente, jamais deixando-o em desamparo. O ghosting terapêutico, portanto, é uma falha que vai além da falta de cortesia; é uma infração ética grave.
As consequências para o profissional variam desde advertências e censura pública até a suspensão ou cassação do registro profissional.
Além do impacto legal e ético, há o dano irreparável à reputação e à credibilidade do terapeuta.
Um comportamento como esse não só prejudica a pessoa atendida individualmente, mas também lança uma sombra sobre a categoria profissional como um todo, gerando desconfiança.
É crucial entender que o psicólogo possui um dever de cuidado incondicional. Quando ele se ausenta sem um encerramento adequado ou sem oferecer alternativas viáveis, ele não apenas quebra o contrato implícito com o paciente, mas também falha em sua função social e ética, que é primordial na prática da psicologia e no suporte à saúde mental.
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Políticas de clínicas e plataformas sobre reembolso
A questão do reembolso após um ghosting terapêutico é complexa e depende muito do tipo de serviço contratado.
Em geral, se o atendimento foi prestado por um profissional autônomo, sem intermédio de uma plataforma ou clínica, a resolução será mais difícil, mas não impossível.
Nesses casos, a via de comunicação e negociação direta, ou até mesmo acionar órgãos de defesa do consumidor, torna-se essencial.
Contudo, para aqueles que utilizam plataformas de terapia online ou clínicas com equipes de psicólogos, as políticas costumam ser mais claras e acessíveis.
Grandes plataformas, por exemplo, geralmente possuem termos de serviço que preveem o reembolso de sessões não realizadas devido à falha do profissional.
Em muitos casos, elas oferecem a opção de agendar com outro terapeuta sem custo adicional ou de estornar o valor pago diretamente ao paciente.
É fundamental que os pacientes leiam atentamente os contratos e termos de uso antes de iniciar o tratamento.
Muitos serviços online detalham como proceder em situações de cancelamento, ausência do terapeuta ou insatisfação. Essas informações são a sua primeira linha de defesa contra o prejuízo financeiro e emocional.
Além do reembolso, algumas plataformas vão além, oferecendo suporte para realocação em um novo profissional, visando minimizar o impacto emocional do abandono e garantir a continuidade do tratamento.
É importante documentar todas as tentativas de contato e as respostas (ou a falta delas) do terapeuta, pois isso fortalecerá qualquer solicitação de reembolso ou reclamação formal.
Em clínicas físicas, a política pode ser similar. Muitas têm procedimentos internos para lidar com a ausência inesperada de um profissional, garantindo o reembolso ou a substituição.
O importante é saber que você, como paciente, tem direitos. Mesmo que a política não seja explicitamente detalhada, a lei de defesa do consumidor geralmente se aplica, assegurando a devolução de valores por serviços não prestados.
Como agir diante do abandono terapêutico
Existem passos práticos que você pode tomar para proteger seus direitos e buscar uma solução.
Documento tudo:
- Datas das sessões;
- Valores pagos;
- Tentativas de contato com o terapeuta e a ausência de resposta;
- Capture prints de conversas e guarde e-mails.
Se você utilizou uma plataforma de terapia online, entre em contato imediatamente com o suporte ao cliente.
Apresente os detalhes da situação, incluindo os registros de tentativas de contato com o profissional.
As plataformas geralmente têm canais específicos para lidar com queixas e iniciarem o processo de reembolso ou de realocação com outro terapeuta de forma rápida e eficiente.
No caso de atendimento com um profissional autônomo, tente novamente o contato por diferentes meios (e-mail, telefone, mensagem). Se não houver retorno, registre uma reclamação formal junto ao Conselho Regional de Psicologia (CRP) da sua região.
Esses órgãos são responsáveis por fiscalizar a conduta ética dos profissionais e tomarão as medidas cabíveis, investigando a conduta do terapeuta.
Além disso, o Procon (órgão de defesa do consumidor) é uma alternativa para buscar o reembolso de sessões pagas e não realizadas. Leve toda a sua documentação e relate o ocorrido.
O ghosting terapêutico é um serviço não prestado pelo qual você pagou, configurando uma clara infração aos direitos do consumidor, que merece ser reparada.
Buscar ajuda jurídica também é uma opção em casos mais complexos, mas frequentemente as vias administrativas são suficientes para resolver a questão do reembolso e responsabilizar o profissional.
Não hesite em usar as ferramentas disponíveis para fazer valer seus direitos e evitar prejuízos financeiros e emocionais.
Não desista da sua jornada de autoconhecimento
Lembre-se que essa falha não reflete a totalidade da psicologia ou a qualidade dos profissionais dedicados que existem.
O abandono é uma exceção inaceitável, não a regra, e você não deve carregar a culpa ou o prejuízo de um erro profissional.
Sua jornada de autoconhecimento e cuidado com a saúde mental é valiosa e não deve ser interrompida por uma experiência negativa.
Há muitos psicólogos éticos e comprometidos, prontos para oferecer o suporte que você merece. Use essa experiência, por mais dolorosa que seja, como um aprendizado para buscar profissionais e plataformas com maior transparência e reputação.
Empodere-se ao exigir seus direitos, seja buscando o reembolso financeiro ou a continuidade do atendimento adequado.
Essa atitude não apenas repara o dano em sua experiência pessoal, mas também contribui para que a comunidade terapêutica se mantenha vigilante e coíba práticas antiéticas.
O cuidado com a saúde mental é um investimento essencial na sua qualidade de vida. Não abra mão dele.
Permita-se recomeçar, buscando um novo profissional com a certeza de que você merece um atendimento respeitoso, contínuo e que valorize sua saúde mental.
Sua resiliência é a chave para transformar uma experiência ruim em um passo de reafirmação do seu compromisso consigo mesmo.
Perguntas frequentes
- O que é ghosting na terapia?
É quando o psicólogo some sem aviso, encerrando a terapia abruptamente. - Isso é considerado antiético?
Sim, é uma falha ética grave e quebra de contrato terapêutico. - O que devo fazer se meu terapeuta sumir?
Tente contato por outros meios; guarde registros. - Posso pedir reembolso?
Depende da política da plataforma ou contrato; muitos preveem. - Para quem devo reclamar?
Conselho Regional de Psicologia (CRP) ou plataforma de terapia. - Como o ghosting afeta o paciente?
Causa abandono, frustração, raiva e perda de confiança. - É comum psicólogos fazerem isso?
Não deveria ser. É uma prática inadequada e pouco profissional. - Como evitar o ghosting?
Busque profissionais com boas referências, questione a conduta inicial. - Há diferença entre terapia online e presencial?
A ética é a mesma, mas as plataformas online têm regras claras. - Minha plataforma de terapia deve intervir?
Sim, plataformas sérias têm protocolos para esses casos. - O que é abandono terapêutico?
Desistência do profissional sem preparo ou encaminhamento. - Terei que pagar por sessões não realizadas?
Não. Geralmente, você só paga por atendimentos efetivos. - Posso processar o psicólogo?
Sim, mas a via ética é mais comum. Consulte um advogado. - Como lidar com a frustração?
Busque apoio, valide seus sentimentos e considere outra terapia. - A quem recorrer para orientação legal?
Um advogado especializado em direitos do consumidor ou paciente.
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