O que fazer quando você ficar com raiva do seu Psicólogo?

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Para lidar com a raiva do seu psicólogo, comunique-a de forma clara e respeitosa, buscando entender a origem e dialogar para fortalecer a relação terapêutica.

O que fazer quando você ficar com raiva do seu Psicólogo?

Quando você sentir raiva do seu psicólogo, o primeiro e mais importante passo é reconhecer esses sentimentos e, se possível, abordá-los diretamente com o profissional.

A raiva, embora desconfortável, é uma oportunidade para aprofundar o entendimento sobre si mesmo e sobre a relação terapêutica.

Ao ler este artigo até o fim, você poderá:

  1. Entender as razões da raiva.
  2. Aprender a comunicar seu desconforto.
  3. Saber quando buscar outro profissional.
  4. Identificar condutas antiéticas.
  5. Proteger seu bem-estar na terapia.
  6. Fortalecer sua relação terapêutica.

As raízes dos impasses terapêuticos

Diversos fatores desencadeiam sentimentos de conflito e raiva em relação ao psicólogo. E um dos fenômenos mais discutidos na literatura psicanalítica é a transferência.

Transferência

A transferência ocorre quando o paciente, inconscientemente, projeta em seu Psicólogo sentimentos, padrões de comportamento e expectativas originados em relacionamentos passados, especialmente aqueles da infância com figuras de autoridade ou cuidadores.

Por exemplo, um paciente que teve um pai crítico e exigente, inadvertidamente, interpreta as sugestões como críticas, gerando ressentimento.

Contratransferência

Da mesma forma, a contratransferência, que é a resposta emocional e comportamental do Psicólogo às projeções do paciente, influencia a dinâmica.

Um Psicólogo que se sente sobrecarregado ou inadequado diante das demandas de um paciente vai, sem intenção, reagir de maneiras que agravem o conflito.

Expectativas desalinhadas

Expectativas desalinhadas também representam uma causa comum de insatisfação.

O paciente espera resultados rápidos, conselhos diretos ou um papel mais ativo do Psicólogo do que este está preparado para oferecer, ou vice-versa.

Essa discrepância entre o que se espera e o que se recebe leva à frustração e à raiva.

Além disso, questões éticas, como quebra de confidencialidade, conduta inadequada ou falta de profissionalismo, são motivos legítimos para insatisfação e exigem atenção imediata.


Ações diante da insatisfação

Quando a raiva ou a insatisfação com o psicólogo emergem, o primeiro passo é a autoavaliação. É importante refletir sobre as próprias expectativas em relação à terapia e ao profissional.

Será que essas expectativas são realistas e condizentes com o que a psicoterapia pode oferecer?

Em seguida, a comunicação aberta é fundamental. Expressar seus sentimentos, de forma calma e honesta, pode abrir caminho para a compreensão mútua.

Apresente seus sentimentos como “eu sinto” em vez de “você fez“, focando na sua experiência subjetiva. Essa conversa esclarecerá mal-entendidos e fortalecerá a aliança terapêutica.

Se, após a comunicação, os sentimentos de insatisfação persistirem ou se a relação terapêutica parecer irremediavelmente comprometida, considerar a mudança de Psicólogo será a melhor opção.

Buscar um profissional com quem se sinta mais confortável e alinhado é um direito do paciente.

Em casos mais graves, que envolvam condutas antiéticas ou prejudiciais, é essencial buscar ajuda externa. A denúncia ao conselho de psicologia competente protege não apenas o paciente em questão, mas também outros que possam vir a ser vítimas de má conduta profissional.

A tabela abaixo lista algumas causas comuns de conflito e as ações correspondentes:

CausaAções
Transferência/ContratransferênciaExplorar os sentimentos em sessão, comunicar ao Psicólogo.
Expectativas desalinhadasRevisar expectativas, discutir com o Psicólogo sobre o processo.
Conduta inadequada do PsicólogoComunicação direta, considerar mudança de profissional, denúncia se necessário.
Falta de progresso percebidoDiscutir os objetivos terapêuticos e a percepção de progresso.
Diferenças de valores ou crençasAvaliar se a diferença é um impedimento para a relação terapêutica.

Dicas práticas

A terapia é um investimento pessoal e, como tal, requer que o paciente esteja atento ao andamento do processo. Identificar os sinais de que algo não vai bem é uma habilidade valiosa.

Existem algumas perguntas que ajudam na reflexão:

  • Eu me sinto seguro e compreendido pelo meu Psicólogo?
  • As minhas preocupações são ouvidas e levadas a sério?
  • O Psicólogo demonstra empatia e respeito pelos meus sentimentos?
  • Eu sinto que estou progredindo, mesmo que aos poucos?
  • A comunicação é aberta e honesta entre nós?

Caso a resposta para a maioria dessas perguntas seja negativa, é um indicativo de que a relação terapêutica precisa de ajustes ou até mesmo de uma reavaliação completa.

Não hesite em expressar suas dúvidas e sentimentos. Uma boa relação terapêutica deve ser um espaço de acolhimento e crescimento, não de frustração contínua.

A escolha do Psicólogo é tão importante quanto a decisão de iniciar a terapia. Pesquisar, ler sobre abordagens e, se possível, ter uma conversa inicial para sentir a conexão pode fazer toda a diferença.

Lembre-se que encontrar o profissional ideal pode levar tempo, e isso é perfeitamente normal. O objetivo é sempre o seu bem-estar e a sua saúde mental.

A importância da aliança terapêutica não deve ser subestimada. Ela é o solo fértil onde a cura e o crescimento irão florescer.

Se essa aliança estiver sendo prejudicada por conflitos não resolvidos, é responsabilidade do paciente agir para restabelecê-la ou buscar um ambiente terapêutico mais adequado às suas necessidades.


A ética em primeiro lugar

A relação terapêutica é regida por princípios éticos rigorosos. A confidencialidade, o respeito à autonomia do paciente e a conduta profissional adequada são pilares inegociáveis.

Quando esses princípios são violados, o paciente tem não apenas o direito, mas o dever de buscar reparação e proteger a si mesmo e a outros.

Os principais sinais de alerta para condutas antiéticas incluem:

Se você suspeita de má conduta ética, avalie a gravidade da situação e documente os fatos.

Anote datas, horários, descrições detalhadas dos eventos e quaisquer evidências que possa ter.

Em seguida, comunique suas preocupações diretamente ao Psicólogo, caso se sinta seguro para fazê-lo e se a situação não for extremamente grave.

No entanto, em muitos casos, a comunicação mais eficaz é através dos canais oficiais.

A denúncia ao Conselho Regional de Psicologia (CRP) da sua região é o caminho formal para relatar condutas antiéticas.

O conselho possui um código de ética e um processo para investigar denúncias, garantindo que os profissionais da área atuem dentro dos padrões estabelecidos.

É importante apresentar a denúncia de forma clara, objetiva e com as evidências disponíveis.

A tabela abaixo resume os passos a serem seguidos em caso de suspeita de má conduta ética:

SituaçãoAçãoPassos
Suspeita de quebra de sigiloVerificar a natureza da informação compartilhada e o contexto.Comunicar ao Psicólogo, considerar denúncia ao CRP.
Relacionamento inadequado (duplo)Interromper imediatamente o contato fora do contexto terapêutico.Buscar aconselhamento jurídico se necessário, denúncia ao CRP.
Comportamento exploratórioRecusar qualquer solicitação que pareça exploratória ou inadequada.Documentar, comunicar ao Psicólogo, denúncia ao CRP.
Sentimento de desrespeito ou preconceitoExpressar o desconforto em sessão.Avaliar a resposta do Psicólogo, considerar mudança ou denúncia ao CRP.

Agir em situações de má conduta ética não é apenas um ato de autoproteção, mas também uma contribuição para a integridade da profissão e para a segurança de outros pacientes.


Perguntas frequentes

  • É normal sentir raiva ou conflito na terapia?
    Sim, é natural emergirem emoções intensas, incluindo raiva e conflito, na terapia.
  • Por que a raiva ou o conflito podem surgir na terapia?
    Podem surgir devido à transferência, expectativas desalinhadas ou conduta do terapeuta.
  • O que é transferência na terapia?
    Projeção inconsciente de sentimentos passados em relação ao terapeuta.
  • O que é contratransferência?
    A resposta emocional do terapeuta às projeções do paciente.
  • Expectativas desalinhadas podem causar conflito?
    Sim, a discrepância entre o que se espera e o que se recebe leva à frustração.
  • Condutas antiéticas do terapeuta justificam insatisfação?
    Sim, quebra de confidencialidade ou má conduta são motivos legítimos para insatisfação.
  • Qual o primeiro passo ao sentir insatisfação com o terapeuta?
    Autoavaliação das próprias expectativas em relação à terapia e ao terapeuta.
  • Como devo expressar meus sentimentos de insatisfação?
    Comunicando de forma calma e honesta, focando no “”eu sinto””.
  • Devo mudar de terapeuta se a insatisfação persistir?
    Sim, buscar um profissional com quem se sinta mais confortável é um direito.
  • Quando devo denunciar a má conduta de um terapeuta?
    Em casos graves de condutas antiéticas ou prejudiciais.
  • Onde posso denunciar má conduta ética de um psicólogo?
    No Conselho Regional de Psicologia (CRP) da sua região.
  • É importante sentir-se seguro e compreendido na terapia?
    Sim, a relação terapêutica deve ser um espaço de acolhimento e crescimento.
  • A aliança terapêutica é importante?
    Sim, é o pilar fundamental para o sucesso do tratamento psicológico.
  • O que significa confiança e colaboração mútua na terapia?
    Base da aliança terapêutica, essencial para a navegação dos conflitos.
  • É um direito questionar ou discordar do terapeuta?
    Sim, essa abertura fortalece a relação e maximiza os benefícios da psicoterapia.

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