Quando você sentir raiva do seu psicólogo, o primeiro e mais importante passo é reconhecer esses sentimentos e, se possível, abordá-los diretamente com o profissional.
A raiva, embora desconfortável, é uma oportunidade para aprofundar o entendimento sobre si mesmo e sobre a relação terapêutica.
Ao ler este artigo até o fim, você poderá:
- Entender as razões da raiva.
- Aprender a comunicar seu desconforto.
- Saber quando buscar outro profissional.
- Identificar condutas antiéticas.
- Proteger seu bem-estar na terapia.
- Fortalecer sua relação terapêutica.
As raízes dos impasses terapêuticos
Diversos fatores desencadeiam sentimentos de conflito e raiva em relação ao psicólogo. E um dos fenômenos mais discutidos na literatura psicanalítica é a transferência.
Transferência
A transferência ocorre quando o paciente, inconscientemente, projeta em seu Psicólogo sentimentos, padrões de comportamento e expectativas originados em relacionamentos passados, especialmente aqueles da infância com figuras de autoridade ou cuidadores.
Por exemplo, um paciente que teve um pai crítico e exigente, inadvertidamente, interpreta as sugestões como críticas, gerando ressentimento.
Contratransferência
Da mesma forma, a contratransferência, que é a resposta emocional e comportamental do Psicólogo às projeções do paciente, influencia a dinâmica.
Um Psicólogo que se sente sobrecarregado ou inadequado diante das demandas de um paciente vai, sem intenção, reagir de maneiras que agravem o conflito.
Expectativas desalinhadas
Expectativas desalinhadas também representam uma causa comum de insatisfação.
O paciente espera resultados rápidos, conselhos diretos ou um papel mais ativo do Psicólogo do que este está preparado para oferecer, ou vice-versa.
Essa discrepância entre o que se espera e o que se recebe leva à frustração e à raiva.
Além disso, questões éticas, como quebra de confidencialidade, conduta inadequada ou falta de profissionalismo, são motivos legítimos para insatisfação e exigem atenção imediata.
Ações diante da insatisfação
Quando a raiva ou a insatisfação com o psicólogo emergem, o primeiro passo é a autoavaliação. É importante refletir sobre as próprias expectativas em relação à terapia e ao profissional.
Será que essas expectativas são realistas e condizentes com o que a psicoterapia pode oferecer?
Em seguida, a comunicação aberta é fundamental. Expressar seus sentimentos, de forma calma e honesta, pode abrir caminho para a compreensão mútua.
Apresente seus sentimentos como “eu sinto” em vez de “você fez“, focando na sua experiência subjetiva. Essa conversa esclarecerá mal-entendidos e fortalecerá a aliança terapêutica.
Se, após a comunicação, os sentimentos de insatisfação persistirem ou se a relação terapêutica parecer irremediavelmente comprometida, considerar a mudança de Psicólogo será a melhor opção.
Em alta entre os leitores:
Buscar um profissional com quem se sinta mais confortável e alinhado é um direito do paciente.
Em casos mais graves, que envolvam condutas antiéticas ou prejudiciais, é essencial buscar ajuda externa. A denúncia ao conselho de psicologia competente protege não apenas o paciente em questão, mas também outros que possam vir a ser vítimas de má conduta profissional.
A tabela abaixo lista algumas causas comuns de conflito e as ações correspondentes:
Causa | Ações |
---|---|
Transferência/Contratransferência | Explorar os sentimentos em sessão, comunicar ao Psicólogo. |
Expectativas desalinhadas | Revisar expectativas, discutir com o Psicólogo sobre o processo. |
Conduta inadequada do Psicólogo | Comunicação direta, considerar mudança de profissional, denúncia se necessário. |
Falta de progresso percebido | Discutir os objetivos terapêuticos e a percepção de progresso. |
Diferenças de valores ou crenças | Avaliar se a diferença é um impedimento para a relação terapêutica. |
Dicas práticas
A terapia é um investimento pessoal e, como tal, requer que o paciente esteja atento ao andamento do processo. Identificar os sinais de que algo não vai bem é uma habilidade valiosa.
Existem algumas perguntas que ajudam na reflexão:
- Eu me sinto seguro e compreendido pelo meu Psicólogo?
- As minhas preocupações são ouvidas e levadas a sério?
- O Psicólogo demonstra empatia e respeito pelos meus sentimentos?
- Eu sinto que estou progredindo, mesmo que aos poucos?
- A comunicação é aberta e honesta entre nós?
Caso a resposta para a maioria dessas perguntas seja negativa, é um indicativo de que a relação terapêutica precisa de ajustes ou até mesmo de uma reavaliação completa.
Não hesite em expressar suas dúvidas e sentimentos. Uma boa relação terapêutica deve ser um espaço de acolhimento e crescimento, não de frustração contínua.
A escolha do Psicólogo é tão importante quanto a decisão de iniciar a terapia. Pesquisar, ler sobre abordagens e, se possível, ter uma conversa inicial para sentir a conexão pode fazer toda a diferença.
Lembre-se que encontrar o profissional ideal pode levar tempo, e isso é perfeitamente normal. O objetivo é sempre o seu bem-estar e a sua saúde mental.
A importância da aliança terapêutica não deve ser subestimada. Ela é o solo fértil onde a cura e o crescimento irão florescer.
Se essa aliança estiver sendo prejudicada por conflitos não resolvidos, é responsabilidade do paciente agir para restabelecê-la ou buscar um ambiente terapêutico mais adequado às suas necessidades.
A ética em primeiro lugar
A relação terapêutica é regida por princípios éticos rigorosos. A confidencialidade, o respeito à autonomia do paciente e a conduta profissional adequada são pilares inegociáveis.
Quando esses princípios são violados, o paciente tem não apenas o direito, mas o dever de buscar reparação e proteger a si mesmo e a outros.
Os principais sinais de alerta para condutas antiéticas incluem:
- Quebra de sigilo sem consentimento ou justificativa legal.
- Relacionamentos duplos (por exemplo, Psicólogo se envolvendo em amizades ou relações amorosas com pacientes).
- Exploração financeira ou emocional do paciente.
- Condutas discriminatórias ou preconceituosas.
- Negligência profissional ou incompetência comprovada.
Se você suspeita de má conduta ética, avalie a gravidade da situação e documente os fatos.
Anote datas, horários, descrições detalhadas dos eventos e quaisquer evidências que possa ter.
Em seguida, comunique suas preocupações diretamente ao Psicólogo, caso se sinta seguro para fazê-lo e se a situação não for extremamente grave.
No entanto, em muitos casos, a comunicação mais eficaz é através dos canais oficiais.
A denúncia ao Conselho Regional de Psicologia (CRP) da sua região é o caminho formal para relatar condutas antiéticas.
O conselho possui um código de ética e um processo para investigar denúncias, garantindo que os profissionais da área atuem dentro dos padrões estabelecidos.
É importante apresentar a denúncia de forma clara, objetiva e com as evidências disponíveis.
A tabela abaixo resume os passos a serem seguidos em caso de suspeita de má conduta ética:
Situação | Ação | Passos |
---|---|---|
Suspeita de quebra de sigilo | Verificar a natureza da informação compartilhada e o contexto. | Comunicar ao Psicólogo, considerar denúncia ao CRP. |
Relacionamento inadequado (duplo) | Interromper imediatamente o contato fora do contexto terapêutico. | Buscar aconselhamento jurídico se necessário, denúncia ao CRP. |
Comportamento exploratório | Recusar qualquer solicitação que pareça exploratória ou inadequada. | Documentar, comunicar ao Psicólogo, denúncia ao CRP. |
Sentimento de desrespeito ou preconceito | Expressar o desconforto em sessão. | Avaliar a resposta do Psicólogo, considerar mudança ou denúncia ao CRP. |
Agir em situações de má conduta ética não é apenas um ato de autoproteção, mas também uma contribuição para a integridade da profissão e para a segurança de outros pacientes.
Perguntas frequentes
- É normal sentir raiva ou conflito na terapia?
Sim, é natural emergirem emoções intensas, incluindo raiva e conflito, na terapia. - Por que a raiva ou o conflito podem surgir na terapia?
Podem surgir devido à transferência, expectativas desalinhadas ou conduta do terapeuta. - O que é transferência na terapia?
Projeção inconsciente de sentimentos passados em relação ao terapeuta. - O que é contratransferência?
A resposta emocional do terapeuta às projeções do paciente. - Expectativas desalinhadas podem causar conflito?
Sim, a discrepância entre o que se espera e o que se recebe leva à frustração. - Condutas antiéticas do terapeuta justificam insatisfação?
Sim, quebra de confidencialidade ou má conduta são motivos legítimos para insatisfação. - Qual o primeiro passo ao sentir insatisfação com o terapeuta?
Autoavaliação das próprias expectativas em relação à terapia e ao terapeuta. - Como devo expressar meus sentimentos de insatisfação?
Comunicando de forma calma e honesta, focando no “”eu sinto””. - Devo mudar de terapeuta se a insatisfação persistir?
Sim, buscar um profissional com quem se sinta mais confortável é um direito. - Quando devo denunciar a má conduta de um terapeuta?
Em casos graves de condutas antiéticas ou prejudiciais. - Onde posso denunciar má conduta ética de um psicólogo?
No Conselho Regional de Psicologia (CRP) da sua região. - É importante sentir-se seguro e compreendido na terapia?
Sim, a relação terapêutica deve ser um espaço de acolhimento e crescimento. - A aliança terapêutica é importante?
Sim, é o pilar fundamental para o sucesso do tratamento psicológico. - O que significa confiança e colaboração mútua na terapia?
Base da aliança terapêutica, essencial para a navegação dos conflitos. - É um direito questionar ou discordar do terapeuta?
Sim, essa abertura fortalece a relação e maximiza os benefícios da psicoterapia.
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